Você já sentiu medo de ficar sozinhe?
Escrito por Psicóloga Nárrina Gabrieli Ramos Pereira CRP 06/159448
Publicado em 23 Oct, 2020

Provavelmente já. E deve ter começado cedo. O medo do abandono familiar que nos faz aceitar relações violentas desde a tenra infância. Ser rejeitada na experiência escolar. O início da vida afetiva e sexual permeado pelo fantasma da insuficiência. Aceitando relações que não são suficientes pra você porque, bem, é preciso ter alguém.
A alternativa comum proposta diante disso vem através de um discurso de autossuficiência. De que você deve se bastar. Não precisa de outre. Sustente a sua falta.
Será que é isso mesmo?
Não quero chegar nesse lugar. Não quero reduzir tanto ao indivíduo. Você não pode dar conta de tudo de si e tampouco mudar o jeito que o mundo se relaciona sozinha.
O destino desse texto não é uma pessoa. Mas um coletivo.
Parto de uma linha teórica em que as relações nos tornam humanos, assim, desses que planejam, se apaixonam e pesquisam a cura do câncer. Sim, nós só somos humanos através de outre humano. E isso não implica em se sujeitar a relações ruins para que não se sinta desumanizada. Demandamos cuidado, carinho. Demandamos relações. Precisamos nos relacionar. O ponto é: como?
Não espere uma resposta. Eu também a procuro. E tento construir. E percebo que reduzir as porções de controle e dependência de uma única relação parece fazer sentido. Viver em rede, dividir e trocar. Aceitar as necessidades que batem à porta e entender como supri-las.
Do que você está precisando das suas relações hoje?