As pessoas estavam com uma expectativa alta para o pós-pandemia. Por que não fora cumprida?
Escrito por Psicóloga Natália Aparecida da Silva CRP 06/144439
Publicado em 25 Jul, 2022
As pessoas acreditavam que elas sairiam da pandemia e teriam a mesma vida de 2019.
Claro que pessoas terapeutizadas, que a pandemia convocou para um processo terapêutico, foram entendendo que não seria bem assim.
Acredito, e espero, que a terapia tenha preparado essas pessoas pra lidar com essa possível frustração, mas no começo as pessoas realmente tinham essa fantasia. É como se a gente tivesse dado um pause, como a gente dá em um filme, e a expectativa era de que agora em 2022 a gente voltaria a dar o play e as coisas continuariam, e as pessoas estão percebendo que não.
Muitas relações mudaram e muitas chegaram ao fim por conta da pandemia. As pessoas mudaram. Pessoas que prezavam por um atendimento ou por um trabalho presencial se viram gostando dos moldes on-line. O físico das pessoas mudou – houve muito esse relato na clínica. Tiveram pessoas que entraram na pandemia com 27 anos e agora estão com 30, então aquela disposição, aquele ânimo… Até o próprio corpo. A gente ficou muito tempo dentro de casa, então as pessoas saem hoje, sobem uns degraus a mais e já ficam exaustas.
Também acreditavam que voltariam pra grandes encontros, aglomerações, mas a fadiga social segue sendo uma demanda constante nas salas de terapia.
Enfim, muitos lutos para dar conta, resistências a serem trabalhadas. E as pessoas não sabem muito bem por onde começar…
As pessoas também acreditavam que pós-pandemia todo esse desemprego, essa miséria, essas dificuldades socioeconômicas “cairiam por terra”, e a gente vem percebendo o oposto: aumento de violência, de pessoas em situação de rua, de desemprego, tudo muito caro, enfim…
Acho que teve uma quebra de expectativa também nesse sentido.