E o bofe chorão?
Escrito por Psicóloga Nárrina Gabrieli Ramos Pereira CRP 06/159448 e Psicóloga Natália Aparecida da Silva CRP 06/144439
Publicado em 15 Jul, 2024
O “ser” humano não é rígido e imutável, pelo contrário, se transforma através de suas relações históricas, sociais, culturais e afetivas.
Dessa forma, quando olhamos para as mudanças existentes no “ser homem” (falando da cisgeneridade, ok?) nos deparamos com um dogma de “homem não chora” que se transformou em “ele chora só quando apresento minhas queixas”.
Assim, é comum nos depararmos com mulheres (e outras pessoas que se relacionam com homens cis) contando as muitas vezes que tentaram ter conversas sérias, importantes e delicadas com seus bofes e eles simplesmente começaram a chorar, de forma literal ou não, assumindo um lugar de “desculpa por ser homem” que não sustenta nenhuma mudança concreta. Sendo que, por vezes, esses mesmos caras sequer alcançaram algum letramento emocional, mal reconhecem e nomeiam o que sentem.
Mas esperam total compreensão e acolhimento de quem se relacionam.
Quase como a criança que chora por que simplesmente não tem nenhum outro repertório de como lidar com emoções difíceis ou de desprazer.
A resposta pra isso, caros rapazes, é investir energia no seu desenvolvimento, enquanto pessoa. Enquanto sujeito que sente e opera no mundo. Chorem sim, mas não esperem que o choro sirva como esquiva do que é difícil lidar.
Imagem: @susanocorreia em maré-cheia, de saudade.