"E se eu mentir na terapia?"
Escrito por Psicóloga Maria Julia Viana da Silva CRP 06/159588
Publicado em 15 Feb, 2024
Ih… Assunto difícil esse, hein? Mas é bem comum pensar nesse momento. Tenho certeza que quase todo mundo já escutou a frase “tem coisas que não contamos para ninguém” e até faz sentido, mas e quando a gente, por alguma razão, esconde algo da terapeuta, hein? Ou até mesmo conta algo que não condiz com o que aconteceu de fato. Já tentou pensar o motivo disso acontecer?
Falamos já por aqui que, muitas vezes, a relação terapêutica é um exercício para outras relações e é também um reflexo delas. Se você se percebe buscando uma validação constantemente em duas relações e se preocupa em ser “aprovado”, na terapia seria diferente? Se você tem dificuldade em externalizar o que está verdadeiramente sentindo e se pega muitas vezes mascarando esses sentimentos, na terapia seria diferente?
É comum a reprodução de dinâmicas de outras relações no processo da terapia. Dessa forma a terapia também é o espaço de repensar essas dinâmicas e construir novas. É um momento de ruptura do conhecido. Veja, nós terapeutas nem sempre vamos saber se o que é dito é a verdade ou não, desta forma é importante que a responsabilidade do processo seja compartilhada, é uma tarefa nossa e também sua enquanto paciente.
Responsabilizar por seu processo terapêutico é também entender os prejuízos que a
mentira pode lhe trazer. Às vezes a busca por terapia é a busca por melhorar a dinâmica dessas relações, então, a terapia precisa ser o espaço do diferente, para que a transformação aconteça, também, para além dela.
Imagem:@susanocorreia