Mas afinal, o que é um relacionamento abusivo?

Março, mês que marca a luta das mulheres trabalhadoras, começa e com ele falaremos um pouco mais sobre esse tema corriqueiro - e grave - que surge na vida de tantas mulheres, um dos principais produtores de sofrimento observado na clínica.  

Um relacionamento abusivo pode se manifestar através das violências mais aparentes, como a física e sexual, ou das mais sutis, como a psicológica ou estrutural. Nestes casos, a vítima costuma ser manipulada, acreditando numa promessa de cuidado, amor e carinho que na verdade esconde uma lógica perversa de controle, que, em último caso, quando perdido, alcança níveis fatais, como nos casos de feminicídios diários que vemos nos noticiários. 

Essa manipulação objetiva isolar a mulher, tornando-a vulnerável e dependente da presença e afeto do agressor. Distanciada da família, amigos e demais vínculos comunitários, com a autoestima prejudicada, a mulher entende o fim desse relacionamento como a própria morte e, por vezes, continua submetida a ele mesmo depois de conseguir conceber as violências que sofre. 

Toda relação que fere a sua existência, compromete seu desenvolvimento, autonomia e destrói a imagem que tem de si mesma pode ser uma relação abusiva. E isso não se restringe aos relacionamentos românticos, mas se estende à família e amizades.