Não seja ONG de macho!
Escrito por Psicóloga Maria Julia Viana da Silva CRP 06/159588
Publicado em 25 Jul, 2022
Essa é uma frase famosa de um quadro chamado Picolé de Limão, do podcast Não Inviabilize - se você não conhece, corre lá para ouvir - da Déia Freitas. Por lá ela vai narrando uma série de histórias tragicômicas que os ouvintes a enviam, parte dessas histórias são sobre casais heteros e mulheres sendo colocadas em um lugar que beira a um centro de reabilitação para homens (heteros e cis).
Nessa altura você já deve ter questionado, mas isso não é um perfil de psicologia? Sim, as histórias que a Déia conta lá são bem parecidas às que ouvimos por aqui. Isso porque são narrativas que refletem a realidade. A construção dessas relações.
Por lá percebemos o quanto é esperado da mulher um lugar de cuidado, de acolhimento, a cura do sofrimento, a resolução de todos os conflitos de seu parceiro. E que muitas vezes assumem esse lugar de suprir todas as necessidades do outro (nesse caso, de homens). E o que isso causa? De uma lado, a completa falta de autonomia de homens que pouco sabem se virar por aí e de outro mulheres que carregam em si muitas culpas causadas por essas projeções e cobranças. Não podemos deixar de falar que isso é resultado da nossa sociedade patriarcal e que, mulheres, não sejam ONG de macho.