Por que falamos tanto em atendimento humanizado?
Escrito por Psicóloga Maria Julia Viana da Silva CRP 06/159588
Publicado em 09 Apr, 2023
Essa é, sem dúvidas, uma das coisas das quais nos preocupamos muito por aqui. Falamos nos textos, nas reuniões, nas sessões, nos encontros… humanizar. É ir além da técnica, da burocratização. É romper com a ideia de que o conhecimento técnico e científico está acima das pessoas, das histórias, das particularidades. É reconhecer que, enquanto profissionais da saúde, não sabemos o que é melhor para cada paciente e que isso precisa ser construído. Humanizar é sobre construção. E construímos diariamente por aqui, treinando e aperfeiçoando a escuta e se implicando no cuidado do outro.
Falamos bastante sobre como a relação terapêutica é, também, reflexos para outras relações. Quanto à nossa auto-cobrança atravessa nossa relação terapêutica? Quanto eu que não consigo me permitir o descanso e estou imerso na lógica neoliberação de produzir o tempo inteiro consigo compreender que meu psi precisa se ausentar por não estar se sentindo bem?
Por isso pensamos por aqui como humanizar, a nós e aos outros, em nossos combinados.
Quando temos o cuidado de avisar a cada paciente sobre as nossas ausências, sobre os feriados, as férias, os congressos, etc. Escutar e entender receios e expectativas enquanto a isso. Quando nos esforçamos para não terceirizar esse contato com milhares de ferramentas de lista de transmissões, stories genéricos, etc
E tudo isso se torna mais fácil quando do outro lado também recebemos acolhimento, quando existe a compreensão de nossos pacientes de que somos mais do que profissionais da saúde. Que também adoecemos, precisamos descansar e de cuidado.
Manter os combinamos é parte importante do processo de humanização da relação terapêutica.
Faz sentido para você?