Por que falar sobre sexualidade feminina é um ato político?
Escrito por Psicóloga Helena Patrícia Oliveira de Brito CRP 06/148349
Publicado em 15 Feb, 2024
A repressão da sexualidade feminina ao longo da história deixou cicatrizes profundas na vida das mulheres. Foi um período onde a autonomia sobre seus corpos e escolhas reprodutivas foi frequentemente negada, e muitas vezes, mulheres eram forçadas a casar jovens, perdendo o controle sobre suas vidas e dos próprios corpos.
Além disso, a repressão sexual resultou em uma alarmante falta de educação sexual, deixando as mulheres desinformadas sobre sua saúde sexual, contracepção e prevenção de doenças. Isso as tornou vulneráveis a riscos à saúde e uma compreensão inadequada de seus próprios corpos, afetando seu bem-estar.
A repressão também estava intrinsecamente ligada à perpetuação da violência sexual e doméstica, com mulheres que desafiavam as normas impostas frequentemente enfrentando discriminação e violência, incluindo casos de estupro e abuso doméstico. Esse ambiente repressor gerou uma vergonha profunda em relação à própria sexualidade, afetando negativamente a saúde mental e emocional de muitas mulheres.
Portanto, falar sobre sexualidade feminina se torna um ato político porque é uma maneira de desafiar as normas sociais ultrapassadas que restringiram as mulheres e negaram sua autonomia. Isso representa um apelo à igualdade de gênero e à afirmação de que as mulheres têm o direito de controlar seus corpos, desejos e vidas.
Ao abordar questões como direitos reprodutivos, igualdade no prazer sexual e consentimento, estamos combatendo as estruturas de poder que historicamente mantiveram as mulheres em desvantagem. Por fim, falar sobre sexualidade feminina também é um lembrete de que a mudança só ocorre por meio de discussões, conscientização e ação política, com o objetivo de criar um lugar onde todas nós possamos viver vidas plenas e livres da repressão sexual do passado.