Semana da visibilidade bissexual
Escrito por Psicóloga Nárrina Gabrieli Ramos Pereira CRP 06/159448
Publicado em 26 Sep, 2020
B de: confusão, fetiche, promiscuidade e a capa da invisibilidade
Bissexualidade: orientação sexual e/ou afetiva, cujo desejo se manifesta independente* do gênero.
Essa semana é marcada pela data da visibilidade bissexual (desde 1999) e existem algumas coisas pra pensar sobre isso, principalmente diante de dados que nos mostram maiores índices de suicídio e sofrimento mental em pessoas bissexuais (o que aumenta ainda mais se forem pessoas negras e/ou trans) - veja só, bissexualidade e prevenção do suicídio no mesmo mês (?)
O ponto desse texto é: existe um sistema-lógica de socializar pessoas para que elas se relacionem e sigam com a manutenção desse sistema. Essa lógica é monossexual, heterocisnormativa e branca. Ao passo que se subverte cada uma dessas regras, tem-se então uma nova faca cravada em seu dorso e a proibição de entender-se quanto vítima já que, na superficialidade do senso comum, a bissexualidade é privilegiada pela sua passabilidade hétero (?) Oi? Não.
A negação da identidade de um sujeito é a negação de sua própria existência. Quando se nega uma existência, pouco potencial de transformação existirá nessa pessoa. Então, o que pode ser mais reacionário, conservador e contra-revolucionário que apagar uma identidade?
O não-lugar ao qual são empurradas as pessoas que desagradam o modelo binário de certo e errado gera sofrimento. Seja na bissexualidade, seja nas diferentes identidades de gênero, seja no colorismo desenfreado que se pauta alguns debates de raça. É um debate urgente que deve ser visto. A existência humana extrapola céu e inferno, sim e não, certo e errado, homem ou mulher.
- A bissexualidade não é binária;
- Ser bissexual não faz de alguém disponível pro seu ménage;
- Não é uma fase;
- Precisamos falar, debater e superar essa noção hegemônica, burguesa, de gênero, sexo e sexualidade. E tudo mais que norteia o ‘como’ nos relacionamos.
Existimos e fazemos o nosso lugar. O lugar da transformação, do movimento.
Leia: Manifesto Bissexual (1990)