"Tô cansada": sobre a vontade de agradar o outro e a mim

“Estou bem, sim! Só estou cansada”. Quantas vezes você já disse isso nos últimos tempos? E quantas vezes tentou se convencer disso também?

A verdade é que a pandemia nos deixou um buraco gigantesco que aos poucos vamos tentando diminuir. Ela intensificou problemas antigos, que tínhamos, ali, guardadinhos, sobre as relações. Nos colocou em contato constante com a falta de controle - de todas as formas. Quem decide quem fica nas nossas vidas?
“Vou fazer mais uma coisinha, só mais uma, quem sabe assim ele gosta de mim”
“E se eu for mais agradável?”
“E se eu for mais disponível?”
“E se eu nunca falar não?"

Será que assim ele fica?

Independentemente de você servir (ou tentar) a todas as expectativas do outro, é ele quem decide o afeto que terá sobre você. Não tem como convencer alguém a ficar.

Esse é um convite sincero para que possamos convidar o outro a, verdadeiramente, nos conhecer. O todo. Como tudo que somos, que nos construímos, que nos apresentamos. Um convite para abrir mão de querer o outro idealizado e também o enxergar com o todo. Para que no fim vocês se olhem com tudo o que gostam e com aquilo que não gostam também, um no outro, mas que decidam ficar.
Ou não.

Arte: Onde Há Encontro, Línea (2021)