TinderPsi, match com a terapeuta e a impaciência em construir relações
Escrito por Psicóloga Nárrina Gabrieli Ramos Pereira CRP 06/159448
Publicado em 12 Oct, 2023
A gente fala bastante sobre a importância de se identificar, se sentir acolhide na existência do outro e compartilhar com nossos comuns. Isso é importantíssimo e esse texto não intenta negar esses debates.
Mas tenho pensado sobre o que mais existe na constante insatisfação com quem atende. Há muito o que se trabalhar na formação de psis pelo Brasil, é claro. Principalmente no que se refere às minorias políticas, às praticas normativas e ortopédicas. Isso já está posto.
Mas será que é só?
Será também que não desaprendemos a dar o tempo e o espaço que as relações precisam ter para que nos sintamos à vontade? Pra pousar num vínculo e ali os silêncios e barulhos encontrarem seus lugares? Para que se saiba como aquele outro olha, sente e percebe?
Nós, profissionais da saúde, somos também pessoas - pasmem. E como pessoas, estamos te conhecendo. Antes de nós você viveu toda uma vida, chegamos agora e não podemos já sentar na janelinha. Não precisamos de 1kg de sal, como diziam minhas avós, mas de algumas sessões pelo menos, pra nos apresentarmos e oferecermos o que caberá nessa nova relação.
A psicoterapia nada mais é que uma relação terapêutica. E como tal, leva tempo, trabalho, risadas, choros e um tanto de insatisfações também.
Há tempo para nos conhecermos?
Imagem de: @hadyboraey